Ao ver meus olhos de incredulidade e ao mesmo tempo
misericórdia pelo fato de uma pessoa ter assinado o nome de Deus numa carta,
René abaixou e pegou o papel. Ao invés
de me entregar, me disse: “Sei o que
pensa. Mas antes que julgue, espere eu te contar uma coisa. Depois com certeza
entenderá do que se trata, e tenha a certeza, essa verdade te chocará."
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“ Isso aconteceu faz
já um bom tempo. Mantinha o costume de sempre vir pra cá como forma de fugir do
meu ambiente familiar. Esse lugar aqui era mais minha casa do que meu próprio
lar. O pastor havia me deixado tomar conta desse local, e ele mesmo vinha pouco
aqui. Estava passando por vários problemas emocionais e queria mesmo fugir da
minha realidade. Eu estava ficando louco! Verdadeiramente louco! Tudo o que eu mais
queria era entender esse Deus que tanto nos é falado, tanto nos é pregado e que
muitas vezes só o conhecemos em filosofias, em pregações, mas muito pouco em
verdade, vida. Queria uma prova de que tudo o que eu acreditava era real e que
aquelas pessoas que encaravam a igreja apenas como mais um reduto de convívio social
e um complexo jogo político de aparências estavam enganadas. Passava então
horas e horas orando neste lugar e implorando uma manifestação divina na minha
vida mais real, mais palpável. Um dia após, apenas um dia, recebi um envelope
cinza sem identificação, apenas com o endereço de destino. Aquele escritório
não recebia correspondências, até porque era apenas um lugar de estudo e
meditação no pastor, ele não mantinha aquele local como oficial. Peguei então a
correspondência e abri aquele envelope cinza. Dentro havia um carta em papel
vermelho. Eu também ainda estava tentando assimilar o conteúdo, que dizia isso
aqui: “ Se queres me achar em verdade, apenas busque-me em verdade. A minha presença
real é preciso ser desenvolvida dentro de você. Você que precisa se tornar
real, Eu sou. Assinado Deus”. Era realmente algo fora do comum, pois ninguém
sabia das minhas inquietações, nem mesmo meu pastor. Como podia eu receber algo
naquele lugar, de alguém que sabia dos meus pensamentos, dos meus
questionamentos? O mais interessante é que essa carta meu querido amigo, foi
apenas a primeira de uma série de encontros que eu tive com Ele. Isso é real.
Isso não é loucura. Muitos procuram a razão em vários lugares, menos dentro de
si. Uns confiam no empirismo da ciência,
outros acreditam que são deuses e já contradizem o próprio conceito de ser um
ateu. Um incrédulo. Muitos fogem para o outro extremo e desenvolvem algo em que
crer. Procuram meios de adaptar o surreal, o divino, a algo que eles gostem, a
algo que convenha às suas necessidades e desejos. Poucos procuram o que é real
de verdade. Poucos se interessam em saber o porquê de tantas pessoas que buscam
essa divindade cristã, serem tão loucas por esse Deus. Poucos desafiam a razão,
poucos a colocam em prova. Eu fiz isso! Grande parte da minha vida eu assisti a
um jogo sujo de peças sociáveis em busca de relações políticas de interesse
dentro da casa que chamam de “ Casa de Deus”. Assisti a uma briga de desejos e
interesses, estes que por muitas vezes eram colocados na frente até da ética e
do bom-senso humano. Assisti e sofri na
própria pele o que é ser rejeitado por ser diferente, por querer descobrir quem
sou. Fui chamado de louco por acreditar em um Deus que é de Verdade. Fui tomado
como louco porque afirmei que ele era real e que ele escrevia para mim. E há muito tempo que venho carregando esse
fardo comigo. Mas sou muito feliz, porque qualquer que seja a loucura por Deus
que eu precise defender, é mais suave do que a falsa sabedoria humana que se
insiste em pregar. Eu sou mesmo um louco.
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