Inspiração em forma de notas e acordes

Exortação à Loucura- Parte VIII

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


Ao ver meus olhos de incredulidade e ao mesmo tempo misericórdia pelo fato de uma pessoa ter assinado o nome de Deus numa carta, René abaixou e pegou o papel.  Ao invés de me entregar, me disse: “Sei o que pensa. Mas antes que julgue, espere eu te contar uma coisa. Depois com certeza entenderá do que se trata, e tenha a certeza, essa verdade te chocará."
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“ Isso aconteceu faz já um bom tempo. Mantinha o costume de sempre vir pra cá como forma de fugir do meu ambiente familiar. Esse lugar aqui era mais minha casa do que meu próprio lar. O pastor havia me deixado tomar conta desse local, e ele mesmo vinha pouco aqui. Estava passando por vários problemas emocionais e queria mesmo fugir da minha realidade. Eu estava ficando louco! Verdadeiramente louco! Tudo o que eu mais queria era entender esse Deus que tanto nos é falado, tanto nos é pregado e que muitas vezes só o conhecemos em filosofias, em pregações, mas muito pouco em verdade, vida. Queria uma prova de que tudo o que eu acreditava era real e que aquelas pessoas que encaravam a igreja apenas como mais um reduto de convívio social e um complexo jogo político de aparências estavam enganadas. Passava então horas e horas orando neste lugar e implorando uma manifestação divina na minha vida mais real, mais palpável. Um dia após, apenas um dia, recebi um envelope cinza sem identificação, apenas com o endereço de destino. Aquele escritório não recebia correspondências, até porque era apenas um lugar de estudo e meditação no pastor, ele não mantinha aquele local como oficial. Peguei então a correspondência e abri aquele envelope cinza. Dentro havia um carta em papel vermelho. Eu também ainda estava tentando assimilar o conteúdo, que dizia isso aqui: “ Se queres me achar em verdade, apenas busque-me em verdade. A minha presença real é preciso ser desenvolvida dentro de você. Você que precisa se tornar real, Eu sou. Assinado Deus”. Era realmente algo fora do comum, pois ninguém sabia das minhas inquietações, nem mesmo meu pastor. Como podia eu receber algo naquele lugar, de alguém que sabia dos meus pensamentos, dos meus questionamentos? O mais interessante é que essa carta meu querido amigo, foi apenas a primeira de uma série de encontros que eu tive com Ele. Isso é real. Isso não é loucura. Muitos procuram a razão em vários lugares, menos dentro de si. Uns confiam no empirismo  da ciência, outros acreditam que são deuses e já contradizem o próprio conceito de ser um ateu. Um incrédulo. Muitos fogem para o outro extremo e desenvolvem algo em que crer. Procuram meios de adaptar o surreal, o divino, a algo que eles gostem, a algo que convenha às suas necessidades e desejos. Poucos procuram o que é real de verdade. Poucos se interessam em saber o porquê de tantas pessoas que buscam essa divindade cristã, serem tão loucas por esse Deus. Poucos desafiam a razão, poucos a colocam em prova. Eu fiz isso! Grande parte da minha vida eu assisti a um jogo sujo de peças sociáveis em busca de relações políticas de interesse dentro da casa que chamam de “ Casa de Deus”. Assisti a uma briga de desejos e interesses, estes que por muitas vezes eram colocados na frente até da ética e do bom-senso humano. Assisti  e sofri na própria pele o que é ser rejeitado por ser diferente, por querer descobrir quem sou. Fui chamado de louco por acreditar em um Deus que é de Verdade. Fui tomado como louco porque afirmei que ele era real e que ele escrevia para mim.  E há muito tempo que venho carregando esse fardo comigo. Mas sou muito feliz, porque qualquer que seja a loucura por Deus que eu precise defender, é mais suave do que a falsa sabedoria humana que se insiste em pregar. Eu sou mesmo um louco.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO