Inspiração em forma de notas e acordes

Um despertar na madrugada

sábado, 2 de maio de 2009

Procurando reviver um sonho,
Despertar desse temor humano,
Passo então a estar contigo no meu peito sem ter um porque,
Suspeitando do fim...




Surgem lembranças de um passado bom.
Aí, me transporto para o futuro...
Que talvez possa vir a ser nada além do tempo contínuo.



Vem o clamor da dor....
Mas o temor também é dor?!
E a dor é o temor!
O clamor da dor vem.




Já que dúvidas são duvidosas,
E mentiras são mentirosas,
Transformarei tais versos em prosa;
E assim não terás mais dó de mim...

Miragem

O prato chia,

Chia o prato.

E nele eu via,

O abstrato.



Uma alma fria

No prato eu via.

O prato chia,

O meu retrato.



E lá, me escondia...

Uma imagem fria,

No fundo de um prato!

Capítulo 2

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Madrid 10:30 da manhã do dia 15 de abril do ano de 1971

Como toda cidade espanhola, Madrid exala um ar sombrio. A Madrid dos anos 70. Cidade que esconde mistérios, gritos e rumores. As ruas falam, os becos gritam, a noite chora. Os cristais que caem do céu ajudam a refletir os rostos pálidos, amedrontados e sem vida dos madrilenhos no caminho de volta às suas casas. Mas esse dia não estava destinado a ser tudo igual. As vozes se calaram, os passos se perderam. As únicas coisas que ainda insistiam em continuar, eram as gotas de chuvas gélidas e os rumores que se perpetuavam devido ao acontecido. Quatorze de abril. A noite trouxera consigo, choros, lamentos, horror e mistério. Um fato havia abalado a vida noturna em Madrid. O sinistro assassinato de Isa Mallardo, filha de Francisco Mallardo e Laura Mallardo.

***

O Sr. Mallardo era o magnata no mundo das telecomunicações daquela cidade.Tivera sorte na vida ao ganhar do pai o custeamento de um curso de comunicação áudio-visual em uma das melhores universidades de Madrid, e mais sorte ainda, em ter investido de forma correta a pequena fortuna que herdara do pai. Era um homem pacato, de muitos amigos mas poucos confiáveis. Portava de um certa beleza, que o deixava como um dos melhores partidos de Madrid. A Sra.Mallardo sobrava com a sua beleza. Quando senhorita, tirava o fôlego dos rapazes e enchia de inveja as outras moças da cidade,quando senhora, arrancava olhares de admiração de todas as pessoas, homens, mulheres, crianças e idosos,pela sua beleza estonteante que o tempo só melhorara. Era filha de um rico agricultor, que detinha, além de tudo o mais, de poder. Era um dos coronéis que decidiam a maioria das coisas daquela cidade. Suas palavras se resumiam em sim e não e todas as coisas seguiam sua vontade.
O casal Mallardo morreu em um acidente há sete anos atrás. Foram visitar a Itália para ver um dos melhores amigos da família, Giovanni Matarazzo, quando o Sr.Mallardo, que gostava de dirigir e estava ao volante, perdeu o controle daquele Porsche Coupé, e desceu a ribanceira. Deixaram para trás dois filhos, um cachorro, amigos, empregados, familiares, alguns carros, uma empresa de telecomunicação e dinheiro. Muito dinheiro. Para ser exato, uma fortuna de quase 300 milhões de pesetas, divididos em porcentagem, com cinquenta porcento para Isa, quarenta porcento para Luca e dez porcento para a família.

***

O casarão dos Mallardo, estava cercado por policias e jornalistas querendo tirar fotos e saberem o que havia de fato acontecido. A casa era enorme. Os portões de madeira davam uma idéia de que ali era o portal para entrar num castelo medieval, o que era totalmente possível pelas dimensões absurdas que aquela construção assumia. O corpo de Isa Mallardo estava no seu quarto, coberto por uma lona preta e sendo preparado para ser carregado e estudado. Alguns policais, um inspetor e um detetive ficaram responsáveis pela solução do crime. O inspetor Henri Vanfaire, um francês que se naturalizou espanhol, era conhecido pela sua rigidez e pelos seus métodos de conseguir respostas das suas suspeitas. Tinha uma talha na face esquerda e outra na testa, que não negavam as experiências pelas quais aquele homem passara em sua vida. Havia servido o serviço militar por algum tempo na França e logo após veio para a Espanha em fuga, segundo afirmações de algumas pessoas que o conheciam um pouco mais. Entrou para o corpo de polícia de Madrid e anos depois se promoveu para Inspetor, devido a sua facilidade de resolver casos e de conseguir depoimentos. Também foi chamado, o detetive Javier Dantas, um dos melhores detetives daquele país. Ele é simplesmente magnífico. Mas seu reconhecimento era ofuscado sempre, pelos investigadores e inspetores que levavam o mérito de solucionar o caso. Javier nunca gostou de ter a fama para si. Era um hobby para ele, investigar e descobrir os pontos que nenhum outro, havia percebido. Pontos que falavam mais, do que qualquer pista que parecesse evidente. "As evidências normalmente são postas para tirar os investigadores do caminho certo. " Era o que o detetive costumava dizer em suas entrevistas para os jornais. Eles estavam ali para tentar descobrir um dos assassinatos intrigantes da história de Madrid. Era o início de uma jornada que não parecia de nenhuma forma que seria fácil.

Continua na próxima semana.

Gritos em Madrid é uma série de suspense e mistério, que será contada em cerca de 20 capítulos. Cada capítulo será disponibilizado semanalmente.


Rodrigo Seixas.

Gritos em Madrid - Cap I

Muitos se arriscam a entender a mente humana. Será que essas pessoas sabem do que uma pessoa é capaz? Não. Eu não acreditava em mim. Eu não acreditava que eu seria capaz de cometer tal coisa. Mas eu fiz. O mais incrível foi o sentimento que eu tive. Eu gostei. Interesse? Qual é a sua definição de interesse? Os interesses nos levam a lugares perigosos. Quando eu me olho no espelho, o que vejo? Uma pessoa tão previsível e ao mesmo tempo tão misteriosa. Você deve estar se perguntando o que eu fiz. Eu matei uma pessoa. Nada do que você também não faria. Eu matei Isa Mallardo. Vi o seu sangue rubro de vergonha. Vergonha de que? De ter vivido. Não se assuste. Não tenho tanto sangue-frio assim. Mesmo que tenha sido prazeroso, não foi fácil. E se você quer me recriminar, cuidado com as suas palavras, elas podem ser usadas contra você. Você pode ser um futuro assassino, ou quem sabe uma vítima.

Não se pode fugir do destino,
Anônimo.