Inspiração em forma de notas e acordes

O silêncio que mascara a razão- Parte V

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A alegria dos homossexuais estava incomodando alguns skinheads que estavam naquele bar. Eles eram homens fortes e altos.Era a maioria careca e um deles tinha chamado a atenção do nosso heroi, pois tinha uma talha no rosto que o atravessava em diagonal. Suas feições não enganavam nem disfarçavam o verdadeiro proposito deles naquela noite: Espancar alguém. Acabar com sua raiva. Eles olhavam para os       "gays" como que esperando o primeiro passo convidativo para começar uma briga, ou mesmo esperando que eles fossem embora para os seguir e então cometer tal ato. Ë mesmo ridiculo.Além da necessidade de se auto-afirmar algo de que eles ainda não descobriram que não são, querem uma certa dose de adrenalina. Esta qual deve trazer à veia uma sensação inigualavel de satisfação. Jovens, homens sem qualquer expectativa de nada. Seres intolerantes, que não aceitam a diferença e nem mesmo a semelhança. Não aceita a diversidade e nem se conforma com a mesmice. São seres inconformados com a existência. Nisso, eles se parecem com qualquer ser humano que não traga essa marra de homem mau, ou de skinhead. Somos mesmo todos assim. Incorformados pela conformidade. O nosso heroi não entendia mesmo o que os fazia viver. Por qual motivo, por qual razão? O que os fazia sorrir? Chutes na barriga de uma pessoa que optou por um direcionamento sexual diferente? Surras em pessoas de uma outra religião? Pessoas essas que procuram nessas filosofias, nessas crenças justamente a razão da existência. Por que o desrespeito pelas pessoas que tão somente buscam pelo mesmo? Nosso heroi alcoolizado pensava com seus botões todo esse tipo de coisa. Era mesmo curioso e ao mesmo tempo dificil de entender a mente dessas pessoas. São mentes, inicialmente inocentes, que por algumas razões tornam-se malignas, tornam-se doentemente arrasadas pela falta de esperança, pela falta de direção. Ele tinha certeza de que para aqueles skinheads pouco importava o prazer do amanhã. Eles queriam o prazer do hoje. Olhou então para o relogio, e conseguiu pela primeira vez distinguir os ponteiros e saber as horas. Eram 20:45.Ja se aproximava a hora de que ele teria que se levantar e ir embora. Mas ele sabia de que ainda faltava algo. Algo muito importante.Algo revelador.

O silêncio que mascara a razão- Parte IV

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Era ja a segunda hora da noite. Eu,narrador,ouso-me a contar, pois o nosso heroi ja não distinguia os ponteiros do relogio.Mas continuava seus pensamentos. Ele que por muito tempo viveu imerso em suas reflexões, nunca havia vivido este momento com tamanha percepção de critica. Verdadeiramente ele estava disposto a entender. Ele queria se entender, talvez entendendo os outros.Lembrava das aulas na igreja que frequentava quando mais moço. Aulas que sempre o ensinava a ser observador dos fatos, não cometer os mesmos erros dos outros, tomar os acontecidos como experiência propria. Não era tão verdade assim.Parece que existe algum dispositivo de auto-senso que apenas é acionado quando nos ousamos a viver tão fato, a arriscar tal situação. Ainda que ouçamos o "eu avisei" ( este qual ele ja não mais suportava), é preciso muitas vezes entender com nossa propria experiência.Ë preciso que nos faça doer, para que nos lembremos de que não vale a pena viver tamanha dor outra vez. Engraçado, ele ja não mais se permitia pensar nas coisas que aprendera na igreja. Parece que de certa forma elas eram colocadas em xeque naquele momento. Por muito tempo nosso heroi  foi membro ativo de uma conservadora Igreja Batista da cidade de São Paulo. Crescera fazendo projetos sociais, participando dos eventos e adicionando valor ao conjunto musical que tocava jubilos em todo culto. Porém a vida foi tomando seu rumo e o entregou numa nada confortante encruzilhada. Seu pai veio a falecer. Era ele, sua mãe e mais duas irmãs. Ele meio que se sentia o novo homem da casa, e a cobrança em cima do nosso garoto era realmente muito forte. Ele precisava se desenvolver. Correu atras do seu. Enfiou a cara nos livros e se formou em economia pela Universidade de São Paulo. Foi, com sobra, o melhor aluno da turma. Especializou-se em consultoria financeira, e disso tirava a sua vida. Uma otima vida financeira, a proposito. Mas desde então não entendia o valor da eterna busca pelo desenvolvimento. Por mais que ele "crescesse" na vida, a vida parecia diminuir em sua frente. Perder forma, perder graça. Enquanto aqueles estrangeiros buscavam a novidade, ele apenas queria buscar algo diferente. Não novo. Algo que o fizesse entender o seu proposito de existência. Por que perdeu seu pai? Por que logo naquele momento? Antes que seus olhos se mareassem, dois gays começaram a gritar e a dançar na pista. Eles eram verdadeiramente "gays", no sentido genérico da palavra. Eram alegres. Dançavam como se não existisse uma plateia olhando e rindo para os mesmos. Eles não se preocupavam em ser discretos. Chamar atenção era o que eles sabiam de melhor. Porque? Eles precisam, talvez, colocar em dia toda onda de rejeição que por muito tempo sofreram dos mais intolerantes ou homofobicos. Eles precisam se auto-afirmar depois de séculos de negação. Hoje o mundo lhes convida. E eles, sem qualquer cerimônia, aceitaram estonteantes este convite. A auto-afirmação não atinge so a eles. Ë engraçado que essa necessidade de se provar, ou de provar aos outros é tão forte, que a auto-afirmação se completa na negação de uma outra posição. Suas atitudes normalmente são em detrimento de outra liberdade de escolha. Onde esta então a liberdade? Onde esta a auto-afirmação? Onde esta o respeito? Quem esta certo? Essas perguntas parecem não vagar na cabeça dessas pessoas tão preocupadas em recuperar o tempo perdido pela opressão. Aquela busca também não o agradava. Passou a entender que ele nunca precisara de auto-afirmação. Não precisava provar a sua capacidade de ser o homem da sua casa, apenas porque sua mãe assim o cobrava, ou porque havia perdido seu pai.Seu pai sabia do bom garoto que ele era e do grande homem que seria. Seu pai apostava nisso pela naturalidade do ser. Ele não precisava tentar provar isso para si mesmo ou para as pessoas. Ele não precisava se auto-afirmar. Apenas precisava viver, certo de suas convicções, daquelas que o faziam bem, que o traziam algum sentido. Nosso heroi então conseguiu notar também de que perdera muito tempo afirmando algo de que agora tinha certeza que negava.

O silêncio que mascara a razão- Parte III

Aqueles estrangeiros, que pareciam ter migrado da europa, não estavam ali apenas para beber. Vez ou outra percebia seus olhares em movimentos curtos de piscadas intimadoras em direção a um grupo de belas garotas daquela noite. Elas pareciam corresponder com todo tipo de sorriso e gesto bem insinuado. Eram mulheres com bom porte. Não eram quaisquer meninas de noite, nem moçoilas em busca de "curtir", mas mulheres independentes que visavam homens bonitos para poder esquecer o dia carregado que tiveram. Ele não a culpa. Não as julga. Ele as entende. De repente percebe que um dos homens toma a primeira atitude e vai em direção ao grupo delas, e não durou muito tempo, sem mais delongas, ja se conheciam mais intimamente entre beijos e afagos, caricias e amassos. Estavam ali. Entregues ao momento. Aquele momento era o que importava. Momento qual, era claro, que não passaria de uma boa noite de sexo, se chegasse até isso. Ë incrivel a intensidade da busca por momentos. Caros leitores pasmem: Nosso heroi estava ali imerso em seus pensamentos. O alcool não mais o limitava. Ele observava curioso tais fatos. Pensou e indagou dos momentos ja perdidos em sua vida. Foram muitos, desde as renuncias de conhecer o mundo das drogas que os seus amigos insistiam em lhe oferecer. Desde a festa que duravam todo um fim de semana e ele categoricamente sabia negar e recusar tal convite. Desde as oportunidades de conhecer uma gama boa de mulheres. Mulheres de todo o tipo. Ele nunca teve problemas nesse lado, nunca fora um homem feio e prejudicado naturalmente por ausência de beleza. Ele era e é um homem bonito, mesmo assim, refutava a ideia de ter dezenas de experiências diferentes para poder entender o mundo das mulheres ou se inserir na cafagestagem dos homens. Hoje ele se perguntava. O que seria se ele tivesse vivido todos esses momentos? Estaria diferente em sua vida, estaria em outro patamar, estaria em outros ares, outros lugares, ou estaria ali, naquela roda de amigos, tal como os estrangeiros? Ele sabia que seria mesmo mais um estranho. Um estranho a si. Passou então a imaginar o que os trazia de tão longe àquele lugar, ou melhor, a este pais. Lembrou do seu pai quando dizia: " Tudo o que é novo, é mais gostoso". Profundamente entendia que a novidade era mesmo o motor que movia aqueles homens. A necessidade de novas descobertas. A necessidade de deixar as velhas obras em busca de novos horizontes, neste caso, de novas coxas. Eles definitavamente não tinham medo do novo, ao contrario dele. Eles encaravam o novo como algo a ser conquistado e explorado. E aquele rapaz que estava a um passo de leva-la pra cama, parecia entender bem o que era explorar o novo. Mas ele encontrara uma mulher que não estava nova. Ela parecia vir ocasionalmente àquele bar. Ele seria mais um, ela precisava de mais um naquela noite. Não o novo. Apenas mais um. Não havia maior interesse na novidade, apenas na diversidade. A novidade era para ela segundo plano, sem maior importância. Nosso heroi bêbado, começava a rir nas suas proprias reflexões. Havia percebido que o que move aqueles homens e aquelas mulheres não é tão digno quanto seus sorrisos mentirosamente revelam.

O silêncio que mascara a razão- Parte II

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Como um liquido pode fazer coisas tão incriveis com a nossa mente? Essa pergunta o causava curiosidade e respeito. Respeito pela vodka. Ele tinha ali a poucos metros a sua frente, todo um universo cosmopolita de pessoas, entre as quais, mulheres lindas, estrangeiros, homens com interesses de azaração, gays anseando sair dali com um parceiro, e skinheads esperando a hora para espancar um gay. E ele estava ali. Perdido, solitario. Vendo tudo rodando. Observando ou apenas tentando entender o que acontecia naquele inicio de noite daquele bar russo, que mais parecia um pub irlandês. Na verdade ele sempre achara que era um pub irlandês. Lembrava ainda de ter visto dias antes a festa de Saint Patrick acontecer naquele lugar. Estava uma loucura. Loucura tal que agora ele entendia. Estar sob o efeito desta droga é realmente muito excitante e ao mesmo tempo deploravel. Precisava mesmo daquilo? Sim, ele precisava. Ele precisava sair, precisava esquecer. Sim, esquecer...Ele ja havia esquecido muita coisa, mesmo como havia chegado naquele sofa do canto. Mas conseguia prometer a si mesmo que so sairia se verdadeiramente conseguisse perceber o intuito de vida, o motivo que faz o coraçao de cada um daqueles festeiros pulsar. Ele não tinha as condições e percepções fisicas e sensorias aguçadas naquele momento, mas tinha a plena certeza de que recebia o convite para transcender em pensamento. Ele queria pensar. Ele queria entender. Por que aqueles estrangeiros se abraçam? A resposta? Não custou tanto a entender.

O silêncio que mascara a razão- Um conto- I

Primeira parte de um conto contado em série.


E ele saiu destinado a perder a razão, a entregar-se , cada segundo , em shots de vodka. Percebeu que a vida podia se resumir a momentos de alegria no final da tarde, numa mesa de bar. Decidiu convicto a seguir essa vida, a espairar. Encontrou amigos, viu neles o que ha tempos não via em ninguém. De repente se permitiu a viver as loucuras, as quais, vivera negligenciando toda sua vida. Elas ali moravam, apenas precisavam de uma brecha para se externalizarem. Energia que surgira do fundo de um copo. E começava a dizer: " A bebida não faz um homem fazer besteiras, faz vir à tona verdades sufocadas pelo medo que a realidade nos coloca e nos oprime". Então se deu em sua loucura. E ali ficou, noite e dia, dia e noite. De repente se jogara em um monologo, ali sentado, sem entender, nem dissociar o que era real e o que era efeito do alcool. Aceitava a negação do dialogo que queria travar com Deus, afinal Deus não o respondia. Começara então uma conversa sem resposta. Um monologo diferente que apenas depois perceberia que verdadeiramente, ali, naquele sofa do pub, que travara o mais incrivel dialogo com o seu proprio silêncio. Entrara destinado a perder a razão, saira totalmente convencido de que a  havia enfim encontrado.

Dos novos velhos cacos

terça-feira, 12 de abril de 2011

             Definitivamente as pessoas temem o novo. Sejam encarados como mares nunca dantes navegados,ou como experimentar uma nova tecnologia, o que interessa é que o novo assusta! O novo traz inerente em si a necessidade do desapego ao velho, mas os velhos não se desapegam.As lagrimas agora derramadas, podem anunciar o sorriso do amanhã,como a chuva de litoral, que anuncia a bela manhã.Mas as pessoas preferem o sabor da lagrima do ontem,do que provar e ousar sentir o gosto do gozo do dia seguinte.
            A comodidade à dor, a usura pela mesmice,a falta de sabedoria, coragem ou o que for,assumem um poder de degradação muito maior do que tantas outras doenças crônicas que se têm.Essas pessoas por vezes se esquecem de que, por ora o que é velho hoje ja foi novo um dia,e que o novo agora pode anunciar a mais pura alegria.

Fim à velharia!

Amarela

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Amarela, AmaHrela,
Se pudesse escolher,  a roubava da aquarela,
Eu a poria em flor no cantinho da janela,
E pintaria assim a cor dessa paixão singela,
AmaHrela, Amar ela.

L de Louca

Eis aqui a nossa homenagem pra ti Loh.Segue aqui embaixo o link do blog de Marêssa!
http://apesardopesar.blogspot.com/2011/04/l-de-linda.html

Ai, ai , ai
Das insanidades que te atormentam,
O complexo de fazer os outros rir é o mais intrigante,
O mais apaixonante em si,

Dos desequilibrios que te acompanham,
a tua beleza é a mais desequilibrante,
Nos tira o chão, nos tira o ar,
Então cedemos à tua loucura,
E caimos perdidos em teu olhar.

Louca, louca de pedra,
Me roubaram o direito de intitular-te Linda,
Mas eu não preciso, esta à vista,
De todo aquele que certamente enxerga,

Louca, louca linda,
Assim te chamo, te evoco, te abuso,
Assim me entrego,e me entrego la no fundo
Porque assim és, confesso,
a louca mais linda do mundo.

Essa é a loucura que Deus não te condena,
Das risadas e beleza que te fazem Lorena.

Tem que haver cadeira

domingo, 10 de abril de 2011

Dedicado à Lorena Cajaiba.

Ela era péssima em ser humilde,
Da humildade não sabia nem o conceito,
E fazia tudo e sabia tudo,
E nela não se via real defeito.

Ela era boa no que fazia,
Na verdade, ela era a melhor,
E aliava a técnica à ousadia,
E todos os preceitos sabia de cor.

Ela sempre se manifestou, e coitada,
Agora a utilizam como um jargão, a chamam de "tirada"
E ja esta cansada de assim ser taxada,
Então senta la, senta la Claudia.

Amigos

Para todos os que sabem que são verdadeiros amigos. Em conexão ao texto de Marêssa Cedraz no http://www.apesardopesar.blogspot.com/


Quando estava ali, tu também estavas...
Dividiste as lagrimas e os sorrisos,
Tiraste o meu fôlego, fizeste-me por vezes chorar,
Mas logo me encantaste com um novo olhar de alegria.

Quando estava aqui, tu ja me olhavas,
E me fazias pensar que algo de bom eu fazia,
E para alguém importava, E para alguém trazia a falta,
A saudade...

Quando não estava ali, tu me chamastes,
Me convidastes a voltar a ser quem fui,
quem era, quem sou,
E me inclinastes o ombro e consolaste-me,
E foste sincero em tudo que falaste

Quando estavamos juntos , as festas,
Quando nos separavamos, as dores,
Mas nunca nos distanciamos.

A distância não nos venceu queridos,
A distãncia não se fez vilã ,os quilômetros não foram inimigos
Seja perto ou seja distante,
Sei que seremos eternamente,
Amigos... é-ter-na-mente amigos.