Javier havia voltado ao andar dos aposentos. Caminhou até a sala para esperar os empregados da casa para o interrogatório. O detetive sentou em uma das poltronas, enquanto olhava os quadros cubistas da parede oposta. Aquele quadro o havia chamado atenção. Javier era um exímio conhecedor das artes e nunca vira aquele quadro. Era perceptível os traços referentes à escola do cubismo, mas não lembrava em nada os quadros que o Salvador Dali e os outros cubistas tinham pintado. Sua meditação foi interrompida com a entrada do inspetor, dois policiais e os empregados da casa. Javier deu um sinal de afirmativo e insinuou que Henry e os dois policiais se retirassem.
- Irei apenas deixar um dos policiais de guarda um pouco mais ali na frente detetive. - Disse o inspetor.
- Tudo bem inspetor, mas duvido que irei precisar.- Falou rindo de maneira cínica.
Os demais se retiraram, Javier voltou a sentar na poltrona. Olhou para os empregados e fez um sinal para que os mesmos sentassem no sofá. Eram três homens e duas mulheres. Olhou para o primeiro rapaz que havia sentado mais à esquerda.
- Acredito que seja o mordomo. Não tem porte para os trabalhos mais pesados da casa.- O rapaz era jovem, de certa forma elegante, porém magro, e não tinha pinta alguma de alguém que pega no pesado.
- Acertou senhor. Sirvo como mordomo nessa casa.
- Pois bem. Quero adiantar algumas coisas,por isso vos chamei em conjunto. Porém irei conversar a sós com alguém, mais tarde, se for preciso. - Espero que não omitam nada.- Bradou Javier.
- Tenho um profundo pensamento de que Isa tinha um amante.
Os empregados se entreolharam de uma forma um pouco confusa ou surpresa.
- Adianto a vocês que quem omitir informações pode ser preso.
- Eu acho que sim senhor. - Disse uma voz um pouco rouca,vindo de um rapaz alto, esbelto de porte forte, tinha cabelo castanho claro - Certo dia ele viera aqui, um pouco chateado, conturbado com algo que aconteceu entre eles. Era um homem alto, simpático. Não o deixei entrar, por ordens do próprio senhor Pedro Fuentes, marido de Isa.
- Senhor...
- Miguel Novaes senhor-Adiantou- Sou o porteiro.
- Por certo senhor Novaes. Depois conversaremos a sós.
Javier estava processando o que o porteiro tinha falado. Já tinha alguma certeza e uma linha para se seguir. Mas talvez os outros empregados ajudassem ainda em algo. Olhou para um homem mais baixo, troncudo, com traços de uma vida dura, olhos cerrados e mãos grossas.
- Acredito que seja o jardineiro. - Disse rapidamente o detetive.
- Incrível senhor. Mas não só isso. Também cuido das atividades pesadas da casa. Conserto coisas.
- Sabe de algo estranho ou curioso sobre esse caso também?
- Não sei senhor.
- Como se chama?
- Vitor Sanches, senhor. - Dizia sempre com os olhos baixos.
- E vocês duas? - Javier agora se direcionava às duas mulheres.
- Você é a cozinheira, eu creio. Sabe de algo estranho?
- Não detetive. Apenas que Isa não vinha comendo bem faz uma semana.
- Perguntou o motivo a ela?
- Não senhor. Nós não eramos tão íntimas.
- E você é a camareira. Como se chama?
- Lúcia senhor. Lúcia Rimbas.
- Então Lúcia, o que sabe que eu ainda não sei?
- Não sei de nada senhor- Retrucou a camareira.
- Nunca achou nada estranho no quarto de Isa enquanto o arrumava?
- Não senhor. Não costumo arrumar sempre aquele quarto. Por vezes ela me pedia para que eu não subisse para arrumar.
- E o quarto do crime? O quarto de hóspedes?
- Não senhor. Aquele quarto está sempre em ordem. Eu o arrumei pela tarde no dia de ontem.
- E não encontrou mesmo nada suspeito? No cheiro, na arrumação da cama? A que horas você esteve lá senhorita?
- Às cinco e meia da tarde - Falou com um certo tom de segurança.
- Tudo bem. Eu deixo avisado de que a qualquer momento posso precisar dos depoimentos de qualquer um. Eu fui chamado para solucionar esse caso. Porém, o inspetor oficial da polícia é o senhor Henry Vanfaire que vocês já devem tê-lo conhecido. Ele pegará e gravará os depoimentos de vocês formalmente.
Javier havia liberado para que os empregados saíssem. Deu um assobio para que o policial os levasse.
- Opss...antes de irem. O senhor Miguel e a senhorita Lúcia, precisarei novamente conversar com vocês mais tarde.
Com um aceno de cabeça eles saíram carregados pelo policial. Javier sabia do amante e agora tinha certeza. Ficara com pensamentos martelando em sua mente "Quem poderia ser esse amante? O marido de Isa sabia, porque o mesmo havia dado a ordem para o porteiro para que não deixasse o amante entrar. Ele estava em casa com ela no dia do crime, no momento do crime. Um homem mata por amor e também por ódio de uma traição". Javier tinha um primeiro suspeito, e um caminho para se seguir.
Capítulo 5
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Postado por
Rodrigo Seixas
às
13:44
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1 externalização(ões):
To amando a série e super ansiosa para ler os próximos capítulos! :D
Parabéns ao autor pela criatividade ;)))
Bj Bj
>> Raquel
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