O silêncio que mascara a razão- Parte III
quinta-feira, 14 de abril de 2011
Aqueles estrangeiros, que pareciam ter migrado da europa, não estavam ali apenas para beber. Vez ou outra percebia seus olhares em movimentos curtos de piscadas intimadoras em direção a um grupo de belas garotas daquela noite. Elas pareciam corresponder com todo tipo de sorriso e gesto bem insinuado. Eram mulheres com bom porte. Não eram quaisquer meninas de noite, nem moçoilas em busca de "curtir", mas mulheres independentes que visavam homens bonitos para poder esquecer o dia carregado que tiveram. Ele não a culpa. Não as julga. Ele as entende. De repente percebe que um dos homens toma a primeira atitude e vai em direção ao grupo delas, e não durou muito tempo, sem mais delongas, ja se conheciam mais intimamente entre beijos e afagos, caricias e amassos. Estavam ali. Entregues ao momento. Aquele momento era o que importava. Momento qual, era claro, que não passaria de uma boa noite de sexo, se chegasse até isso. Ë incrivel a intensidade da busca por momentos. Caros leitores pasmem: Nosso heroi estava ali imerso em seus pensamentos. O alcool não mais o limitava. Ele observava curioso tais fatos. Pensou e indagou dos momentos ja perdidos em sua vida. Foram muitos, desde as renuncias de conhecer o mundo das drogas que os seus amigos insistiam em lhe oferecer. Desde a festa que duravam todo um fim de semana e ele categoricamente sabia negar e recusar tal convite. Desde as oportunidades de conhecer uma gama boa de mulheres. Mulheres de todo o tipo. Ele nunca teve problemas nesse lado, nunca fora um homem feio e prejudicado naturalmente por ausência de beleza. Ele era e é um homem bonito, mesmo assim, refutava a ideia de ter dezenas de experiências diferentes para poder entender o mundo das mulheres ou se inserir na cafagestagem dos homens. Hoje ele se perguntava. O que seria se ele tivesse vivido todos esses momentos? Estaria diferente em sua vida, estaria em outro patamar, estaria em outros ares, outros lugares, ou estaria ali, naquela roda de amigos, tal como os estrangeiros? Ele sabia que seria mesmo mais um estranho. Um estranho a si. Passou então a imaginar o que os trazia de tão longe àquele lugar, ou melhor, a este pais. Lembrou do seu pai quando dizia: " Tudo o que é novo, é mais gostoso". Profundamente entendia que a novidade era mesmo o motor que movia aqueles homens. A necessidade de novas descobertas. A necessidade de deixar as velhas obras em busca de novos horizontes, neste caso, de novas coxas. Eles definitavamente não tinham medo do novo, ao contrario dele. Eles encaravam o novo como algo a ser conquistado e explorado. E aquele rapaz que estava a um passo de leva-la pra cama, parecia entender bem o que era explorar o novo. Mas ele encontrara uma mulher que não estava nova. Ela parecia vir ocasionalmente àquele bar. Ele seria mais um, ela precisava de mais um naquela noite. Não o novo. Apenas mais um. Não havia maior interesse na novidade, apenas na diversidade. A novidade era para ela segundo plano, sem maior importância. Nosso heroi bêbado, começava a rir nas suas proprias reflexões. Havia percebido que o que move aqueles homens e aquelas mulheres não é tão digno quanto seus sorrisos mentirosamente revelam.
Postado por
Rodrigo Seixas
às
01:37
Enviar por e-mail
Postar no blog!
Compartilhar no X
Compartilhar no Facebook
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 externalização(ões):
Postar um comentário
Externalizações