Inspiração em forma de notas e acordes

sexta-feira, 13 de julho de 2012


Um rastro de esperança ainda existia em mim;
Era nisso que acreditava. 
E por muitas vezes eu duvidava, mas ao mesmo tempo Algo não me deixava esmorecer. 

No dia a dia, era aquela mesma angústia. 
Não sabia o que fazer. 
Sabe quando você sente falta de alguma coisa? 
É, existia aquele vazio em mim. 

Sofri, 
Chorei, 
Meus dias eram pífios.
Pensava que não sabia o motivo, a razão, mas bem lá no fundo sabia a resposta... 

Então eu clamei, 
Vislumbrei o Céu.
Pedi orientação ao Pai, e ele assim respondeu:
 - " Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." (João 14:6)

E foi assim; 
Buscando trilhar este reto caminho,
Que pude entrever o que realmente faz sentido para mim: 
- Jesus Cristo, o Renovo, o mais belo suspiro!

terça-feira, 8 de maio de 2012

Há uma busca incessante em se achar o segredo da vida, as fórmulas prontas para o sucesso dos projetos, dos relacionamentos, o modo certo de se fazer algo, ou mesmo o caminho correto a se seguir e para se viver. Insere-se ai, tanto as diversas religiões em referência mesmo às várias instituições eclesiásticas e de culto a um sagrado, como também as praticas religiosas no dia a dia, o costume, o hábito, a cultura. Esse último sentido é muito pouco abordado, mas que em nada se retira ou se exclui do peso em que os hábitos religiosos nos põem. Paremos e analisemos: Por que designar maneiras de um amor acontecer, padrões para que alguém suba na vida, ou conceitos para se entender o universo? Em nada aqui eu estou sendo relativista ao extremo, mas fujo mesmo de um etnocentrismo social e cultural,de um padrão absoluto. Eu apenas acredito que o segredo da vida é descobrir vivendo o que verdadeiramente vale a pena. É se apegar no que importa, no que é vivo, no que transcende a dimensão espaço-tempo, aqui e agora, mas é eterno e é equilíbrio. Havendo uma única verdade ( e creio mesmo que haja), não se preocupem, ela prevalecerá, tudo um dia será descoberto, e a verdadeira luz virá para esclarecer de fato, aqueles que se achavam iluminados, ou para dar descanso àqueles que passaram a vida toda buscando saber o que de fato é o "além". Busquem tão somente a Deus. Busquem seu amor, procurem conhecê-Lo. Pois este amor lhes fará viver o enquanto, o que é importante de verdade, o essencial , o simples e o complexo, o intenso , a verdadeira sabedoria, e ancorados nessa graça e nesse amor, as algemas doutrinárias ou as vendas religiosas são algo sem valor, algo efêmero. A verdadeira vida é abundante em si mesmo. É a raiz, a fonte, e o fim de si própria. E não precisa de nada para incrementá-la.

Histórias (des)cobertas

quarta-feira, 25 de abril de 2012



Já faz um tempo que não me vejo sem ver a ti,
Já não me tenho sem ter teus laços de amor sem fim,
Já não me faço, já não me acho, eu me embaraço em tentar fugir,
Eu já não posso, nem me atrevo à sorte do acaso agir,

E por isso eu traço, os meus meios vastos para te atingir,
Quero mesmo forte, te ter em meus braços para te sentir,
Quero convidar teu olfato e dar minha pele ao tato de tuas belas mãos,
De tuas grandes garras que penetram em mim, ser uma presa fácil ao teu coração.

Quero virar-te ao avesso, vasculhar teus cantos,
Ser pra ti um manto que te cobre por inteiro,
E por alguns momentos, ocupar o mesmo espaço,
Sermos um exato, sermos verdadeiros

Preciso então mostrar-te nossa composição,
No vai e vem dos passos, dança, canção, relato,nossa grande paixão,
Suor, amor, cansaço, dois olhos que se enlaçam e
O fato consumado de nossa união.

Perder-me em teus braços,´
É enfim achar-me, é luz na escuridão.

Comentários sobre a Ciência Política e Consciência Cristã

sábado, 31 de março de 2012


Comentários sobre a Ciência Política e Consciência Cristã

Por Rodrigo Seixas, bacharel em Negociações Internacionais


A ciência política vem tentando durante o tempo mostrar-se tão poderosamente prática como teórica. Esse é o quesito comum das ciências: Provar que aquilo que ela estuda é “material” no sentido da “aplicação” das teorias que o circundam, na prática. Edward H. Carr trata em seu livro Vinte anos de Crise 1919-1939, nos seus primeiros capítulos, justamente a bipolarização de duas vertentes do pensamento político no então surgimento dessa matéria como ciência. Por um lado, os utópicos e por outro lado os realistas. Os utópicos imersos em suas aspirações, sempre exercitam suas mentes em prol de um objetivo futuro. Querem a todo custo, desenvolver um pensamento profundo e denso com o intuito de conseguir lograr aquela situação pregada em suas aspirações na sociedade vindoura. Os realistas por sua vez, fixam-se na análise da realidade atual dos fatos e acontecimentos e, destarte, desenvolve seus métodos de fundamentação de modelos políticos que servirão como “remédios” para os problemas que afligem o momento político-econômico do seu tempo. O problema é que enquanto houver as enormes disparidades entre esses dois polos, que não se entendem e nem se equilibram, a ciência política não avançará, não frutificará como a ciência que resolverá os problemas de administração política da nossa sociedade.
            Edward H. Carr nos apresenta algumas alusões acerca do que ele analisava da Ciência Política em sua formação. Primeiramente como a diferenciação entre Teoria e prática, o autor compara os intelectuais e burocratas e a esquerda da direita.  Os teóricos, os esquerdistas e os intelectuais, tendem a olhar o mundo com olhares visionários do desejo ardente e revolucionário que carregam dentro de si. Todo modelo político comportou esses tipos de cientistas, tanto o capitalismo, para aqueles que utopicamente imaginavam um sistema que se autogeriria e que não necessitaria da intervenção do estado, o mercado regulamentaria o sistema econômico. Algo que se mostrou verdadeiramente, no decorrer do tempo, como um sonho falido, tendo em vista que os mercados tiveram que ser salvos em momentos de crise pelo grande Estado soberano, intervindo na economia. Do outro o Comunismo, que alimentou devaneios de uma comunidade perfeita, onde todos os indivíduos se respeitassem e fossem adeptos de um sistema igualitário, onde o poder emanaria do povo. Esqueceram apenas que mesmo o comunismo precisaria de uma liderança alto-escalão para gerir o sistema. Foram omissos também ao mascarar a verdade de uma sociedade consumista, individualista e meritocrática, que de maneira alguma aceitaria tais propostas políticas prontamente. Esse é o nosso povo.
            Vê-se sempre uma briga de oposições entre o que é certo e errado, melhor e pior, justo e injusto. Talvez não seja abstração em demasiado, imaginar a dualidade que persiste o nosso mundo e em nós, seres humanos. A dualidade entre o bem e o mal; esquerda, direita; profano, beato; do que é santo e do que é do pecado. Não querendo entrar totalmente em um ramo teológico, prefiro me abster apenas em denotar que enquanto os pensamentos se mantiverem em opostos mal fundamentados, haverá confusão de conceitos, confusão de ideias, e de ações. Da mesma maneira que o ideal da Ciência Política é encontrar uma forma com que as teorias se encaixem na prática e na realidade da sociedade, para que assim, razão e utopia, sejam unidas, equilibradas e ganhem vida e sucesso, assim também o é com nossa vida individual, privada e pública frente aos outros e à comunidade.
            A palavra é essa: equilíbrio. E aqui, equilíbrio nada tem a ver como o meio termo, a média aritmética, a metade de dois extremos, não, mas o melhor jeito de se integrar tudo o que há de melhor, oportuno e saudável em dois lados. Da mesma forma que a Ciência Política, assim progredirá, a sociedade como um todo, como seres políticos que nós somos, também se desenvolverá quando a palavra da vez for equilíbrio. Palavra tal que apenas vem da Palavra principal, o verbo primário perfeito, o exemplo de cidadão, coerente em sua política e ideias, revolucionário em seus conceitos, o novo pensamento de Deus, fazedor na prática dos seus princípios: Jesus Cristo, o que revolucionou o nosso mundo, este que pode sim, também revolucionar toda a política. Este que veio para instaurar a razão e a fé naquilo que é bom, naquilo que será por certo, caminho para a comunidade e sociedade política perfeita.



Novamente Criança

sexta-feira, 23 de março de 2012







Novos sonhos, daqueles de tirar outra vez um sorriso dos olhos:
Aquele sorriso envolto de lágrimas pela graça de novos horizontes.
O enxergar de uma nova manhã para aquele que teve um amor perdido,
Ou para aquele que viu seus planos se destruirem em instantes.

São pra aqueles que sofreram a dor amarga de uma perda,
Ou pros muitos que se perderam numa busca tão distante,
Que já não sabem mais o caminho de volta,estão cegos,
Ou já se lançaram desesperançosos numa sina errante.

Novos sonhos são pra aqueles que ainda não desistiram de ser,
De ser algo, ao que os pais, cheios de fé, tão desesperadamente clamam
De ser o novo, o outro passo, o novo ato, ponto marcante
De uma nova história, traçada e marcada na própria pele, com tinta vermelha, vermelha de sangue.

Novos sonhos são como o despertar de um novo tempo, de um novo momento o clarear da bela chance,
Daqueles que perdidos, se lançaram ao sabor do vento, e agora arrependidos tão maravilhosamente se levantam
As lágrimas que servem de luz para um feliz semblante ,  feito espelhos d´água refletem a nova esperança,
No reconstruir de uma nova etapa, no ressurgir da inocência,
No levantar de um novo dia, no sorriso que já brota
Novos sonhos de uma novamente criança.
Nova mente criança.

Exortação à Loucura- Parte VIII

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012


Ao ver meus olhos de incredulidade e ao mesmo tempo misericórdia pelo fato de uma pessoa ter assinado o nome de Deus numa carta, René abaixou e pegou o papel.  Ao invés de me entregar, me disse: “Sei o que pensa. Mas antes que julgue, espere eu te contar uma coisa. Depois com certeza entenderá do que se trata, e tenha a certeza, essa verdade te chocará."
******
“ Isso aconteceu faz já um bom tempo. Mantinha o costume de sempre vir pra cá como forma de fugir do meu ambiente familiar. Esse lugar aqui era mais minha casa do que meu próprio lar. O pastor havia me deixado tomar conta desse local, e ele mesmo vinha pouco aqui. Estava passando por vários problemas emocionais e queria mesmo fugir da minha realidade. Eu estava ficando louco! Verdadeiramente louco! Tudo o que eu mais queria era entender esse Deus que tanto nos é falado, tanto nos é pregado e que muitas vezes só o conhecemos em filosofias, em pregações, mas muito pouco em verdade, vida. Queria uma prova de que tudo o que eu acreditava era real e que aquelas pessoas que encaravam a igreja apenas como mais um reduto de convívio social e um complexo jogo político de aparências estavam enganadas. Passava então horas e horas orando neste lugar e implorando uma manifestação divina na minha vida mais real, mais palpável. Um dia após, apenas um dia, recebi um envelope cinza sem identificação, apenas com o endereço de destino. Aquele escritório não recebia correspondências, até porque era apenas um lugar de estudo e meditação no pastor, ele não mantinha aquele local como oficial. Peguei então a correspondência e abri aquele envelope cinza. Dentro havia um carta em papel vermelho. Eu também ainda estava tentando assimilar o conteúdo, que dizia isso aqui: “ Se queres me achar em verdade, apenas busque-me em verdade. A minha presença real é preciso ser desenvolvida dentro de você. Você que precisa se tornar real, Eu sou. Assinado Deus”. Era realmente algo fora do comum, pois ninguém sabia das minhas inquietações, nem mesmo meu pastor. Como podia eu receber algo naquele lugar, de alguém que sabia dos meus pensamentos, dos meus questionamentos? O mais interessante é que essa carta meu querido amigo, foi apenas a primeira de uma série de encontros que eu tive com Ele. Isso é real. Isso não é loucura. Muitos procuram a razão em vários lugares, menos dentro de si. Uns confiam no empirismo  da ciência, outros acreditam que são deuses e já contradizem o próprio conceito de ser um ateu. Um incrédulo. Muitos fogem para o outro extremo e desenvolvem algo em que crer. Procuram meios de adaptar o surreal, o divino, a algo que eles gostem, a algo que convenha às suas necessidades e desejos. Poucos procuram o que é real de verdade. Poucos se interessam em saber o porquê de tantas pessoas que buscam essa divindade cristã, serem tão loucas por esse Deus. Poucos desafiam a razão, poucos a colocam em prova. Eu fiz isso! Grande parte da minha vida eu assisti a um jogo sujo de peças sociáveis em busca de relações políticas de interesse dentro da casa que chamam de “ Casa de Deus”. Assisti a uma briga de desejos e interesses, estes que por muitas vezes eram colocados na frente até da ética e do bom-senso humano. Assisti  e sofri na própria pele o que é ser rejeitado por ser diferente, por querer descobrir quem sou. Fui chamado de louco por acreditar em um Deus que é de Verdade. Fui tomado como louco porque afirmei que ele era real e que ele escrevia para mim.  E há muito tempo que venho carregando esse fardo comigo. Mas sou muito feliz, porque qualquer que seja a loucura por Deus que eu precise defender, é mais suave do que a falsa sabedoria humana que se insiste em pregar. Eu sou mesmo um louco.

CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO

Exortação à Loucura- Parte VII

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012


Amigos leitores, me lembro muito bem do dia em que René saía me puxando como se deslizasse em alta velocidade rumo ao seu destino. Passamos ruas por ruas, quarteirões e quarteirões, até chegar num beco de uma rua antiga, porém bem cuidada, onde moravam alguns velhos boêmios daquela cidade. Marina azul tinha vários desses homens ricos que viviam a vida aproveitando dos sabores que ela produz ou disponibiliza. Ali, por dentre os bares e restaurantes,  surgia como uma fenda, um beco que guardava um segredo fora do comum. Caminhamos até a frente de uma porta roxa,  com o número 77 em uma placa, no alto, formando relevo na porta. Ao entrar, senti que o ar que eu respirava lá fora era algo valioso e quase me pus a sair às pressas, mas percebi que pouco a pouco o ar me ia voltando as pulmões e tudo ia se clareando devido ao clique do René no interruptor. E fez-se luz! Era um estúdio razoavelmente grande. Parecia uma minibiblioteca, escritório e ao mesmo tempo um estúdio musical. Era isso mesmo. Havia acabado de perceber o violão ainda fora da capa que me encarava sobre o sofá. Fiquei preso em meus pensamentos, analisando cada parte daquele ambiente. Era uma atmosfera fora do comum. Algo ali me trazia paz. Mas ainda não sabia o que era. Vi então alguns folhetos da igreja que o René fazia parte em cima de uma mesa, onde ficavam outros papeis que não consegui decifrar a procedência. Antes que abrisse minha boca para questionar aquele momento, René antecipou-me: “Está estranhando isso tudo? Isso corresponde a toda minha vida. Tudo o que já li, já escrevi, já vivenciei está aqui. Esse é o quarto onde o pastor da minha igreja guarda seus livros e onde costumava vir estudar e se concentrar para preparar a palavra que falaria na igreja no culto dominical. Ele sempre me convidava para que eu participasse desse momento. No início meus pais dificultavam minha vinda, pois não achavam uma atitude normal por parte do pastor. Com o tempo passei a considerar esse quarto minha casa de verdade. Aqui eu aprendi a tocar violão, aqui eu escrevi muito dos meus textos, aqui desenvolvi muitos dos meus pensamentos. Aqui eu passei a vida lendo e lendo coisas maravilhosas.Enfim, aqui eu descobri o valor da verdade.”  - Seus olhos brilharam ao contar essa história. Percebi que ainda não tinha me contado o principal, então perguntei: “ René, mas você me trouxe para mostrar algo em específico?”-  E então ele virou a cabeça como que se tivesse esboçando um golpe de dança, logo após seguido do seu corpo, seu dedo apontou para um livro. Era um livro de capa preta com letras grandes em verde metálico. Percebi logo que era a bíblia. Sabia que René gostava das coisas teológicas e espirituais mas me trazer naquele local para me mostrar uma bíblia era realmente uma insanidade sem tamanho! Achava que ele confundia tudo isso numa mirabolante filosofia espiritual e isso era divertido em seus pensamentos de louco. Mas não! Aquilo era realmente sua vida.  As idas de René àquele local não datavam de dias, mas sim de anos. Foram anos de dedicação àquele lugar.  Dentro daquela bíblia que eu folheava, encontravam-se vários papéis rabiscados, passagens bíblicas em comparação, estudos bíblicos, anotações...Mas o que mais me intrigou foi um papel verde que caiu no chão virado com a face escrita para cima, e, em letras garrafais em cor de vermelho, tornou-se possível decifrar o que estava escrito: “Assinado, Deus”.

Exortação à Loucura - Parte VI

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012


“ Deus, como assim você viu a Deus? ”- Essa afirmação tão de repente me deixou um pouco surpreso e estagnado. Já tinha assistido casos de que as pessoas viam outras pessoas já mortas, espíritos, mas nenhuma até hoje afirmara ter visto o próprio Deus. Comecei a concordar em parte com seu diagnóstico de insanidade, mas tinha que entender primeiro. “ Você o viu de verdade e como ele é?” – Perguntei tomando bastante cuidado com o tom do questionamento. – “Vi sim, com esses mesmos olhos aqui, porém vi além, mais profundamente como que enxergando com os olhos da alma. Eu o senti muito presente e não me esqueço do primeiro dia em que eu o vi. Tudo mudou,  o ar, as cores, os sentimentos, de repente uma grande paz começou a invadir o meu corpo e eu não mais conseguia fazer outra coisa além de rir. E rir um bocado”. – Então como que num interesse fora do comum, pedi ao René para me explicar melhor o acontecido, de certa forma me parecia algo fenomenal, então ele começou a contar como uma criança contando uma historinha que acabou de conhecer na escola : 
Era um dia domingo normal, quando teria que ir à igreja com meus pais, porém minha mãe estava muito doente e não poderíamos sair naquele estado. Tranquei-me em meu quarto e comecei a conversar com Deus sobre a minha tristeza, ora por não ter ido à igreja, ora pelo estado em que a minha mãe se encontrava. De repente me vi mesmo conversando horas a fio com Deus à espera de que Ele de alguma forma me respondesse. Eu sentia que eu não era normal, eu sentia coisa estranhas, pensamentos que os outros não pensavam. Eu queria ir além, queria saber quem era Deus e se todos diziam que Ele era pai e amigo, eu queria provar disso, queria-0 ali naquele momento. Queria que ele curasse a minha mãe, queria que ela tão somente me fizesse vivo de verdade. Foi então que primeiramente comecei a chorar e a tremer como nunca. Achei que estava tendo um acesso nervoso ou algum colapso de qualquer origem. Passei a cantar músicas que eu desconhecia, numa língua que tampouco conhecia e nem sabia se existia. Acredite se quiser, acostumei-me a ser chamado de louco, mas não parou por ai. Senti minha pele arrepiar e um friozinho gostoso a me acariciar. É, um frio acariciante, nunca havia sentido, e eu ri. Ri pra valer. E foi então que por último, eu o vi, Ele estava lá...olhando pra mim.”- Interrompi  René logo em seguida e o perguntei como era a visão que ele teve. Sinceramente pouco me importava se estava de frente com um louco ou um santo, mas o fato é que me era interessante tudo aquilo. René me respondeu: “ Ele era. Apenas era. Não vi muita coisa além de uma luz, mas sei que seus olhos, através daquela janela luminosa, compenetraram os meus  e um sentimento de bondade e amor como nunca havia sentido tomou conta do meu coração. Eu me enchi de glória. Isso me bastou, eu comecei a ter a certeza ali de que eu estava louco e dessa loucura eu iria morrer.” – Essas foram as palavras do nosso amigo, contando sua experiência, onde o mesmo afirma que fora o início de sua loucura. Sinceramente, eu quero acreditar que isso exista. Mas calma, esse não é o fim, ainda não estamos lá.- Quando eu estava me despedindo do definitivamente louco René, o mesmo pegou em minha mão e me convidou pra sair. Suas palavras foram: “ Venha, quero te mostrar um dos meus segredos. O alicerce da minha loucura”. E puxou-me.

A língua do amor

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Qu'est-ce c'est l'amour?
Je ne connais pas tous les mots nécessairs pour le décrire
Mais il n'y a pas besoin, étant donné que vous l'entendez à chaque fois que mon cœur bat plus vite pour vous
Et quand nos sentiments racontent tout.
Quand nos yeux le racontent aussi!
C'est la langage universelle la plus précise du monde
La langue de l'amour. La langue de "nous"
Où il y a l'amour partout. Et pour toujours.
C'est tout, vraiment tout.

Sincronicidade

Eu anseio por mais momentos, em que a nossa mente se encontre,
Como que num passeio de mãos dadas, e que de nada se esconde,
Onde a imaginação encontre abrigo no sentimento teu.
Quero ter sintonia, ou sincronia simples de se viver, quero de ti ser reflexo,
para assim fugir do desconexo de outras mentes, que não seja a tua, que não seja você.

O espaço de nosso encontro é tão maior por assim ser,
Vai além de qualquer distância, é mais amplo que qualquer querer,
Guardo-te então em minha lembrança, para que quando eu pense,
Num golpe lúcido e eloquente,
Pense tão somente em você.

Sei que embora estranho, estou amparado na verdade,
Nesses nossos encontros, nessa nossa sincronicidade,
Transcendemos algo para além do nosso ser,
Tornamo-nos juntos, iguais, o outro, o espelho.

Exortação à Loucura- Parte V

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

“ A loucura é uma construção do sentido que se dá ao mundo. É a própria formação do sujeito mediante aquilo que ele quer afirmar. A loucura não se dá no desconhecimento de si mesmo, pelo contrário, é a perfeita sintonia no desenvolvimento dialético do ser humano. O oposto e o oposto do oposto.  A loucura é uma etapa importante da vida, é a sua chave para a liberdade.”
– O que te faz pensar que é mais normal do que eu? – Essa era uma das perguntas que mais me fizera refletir. Não sabia mesmo o que responder. René era um rapaz inteligentíssimo e sagaz em suas ideias e as expunha com uma clareza e facilidade argumentativa incrível. Ao ver que eu ameaçava parecer intrigado com seus pensamentos malucos, ele logo se adiantava em dizer: “Não banque o normal. A normalidade e a loucura se entrelaçam. Essa é a condição humana”. Sempre tive curiosidade de saber o que se passava naquela mente tão viva e tão perspicaz. Tão louca!  Ao ver o meu olhar compenetrado, senti que passou a esboçar um sorriso como se dissesse : “ Você ainda não me conhece”. De fato! Não o conhecia, mas queria. Nossos olhares se encontraram num ponto fixo que parecia nos levar a um infinito vazio, quando então eu o interrompi dessa vez: - “René, fale-me como surgiu sua loucura ,quando sentiu indícios de mudança de pensamento. Sei que é um rapaz esperto e lembrará alguma coisa determinante.” – Como se não precisasse de segundo algum pra cogitar alguma resposta condizente, disparou: “ Deus. Quando eu vi a Deus”.

Exortação à Loucura- Parte IV

domingo, 29 de janeiro de 2012

René havia me contado, certa vez, que seus pais iam todos os domingos à igreja mas não criam veementemente em Deus. E mesmo o fato de eles serem assíduos frequentadores do domingo, se deu pelo choque da perda do irmão caçula do seu pai, vítima de um acidente de carro. Ele se sensibilizara com a situação, e resolveu entender o porquê de tanta gente crer nesse deus. Eram momentos bons que o jovem passava na igreja. Seus pais irrequietos, ansiosos pelo momento de volta a casa, não paravam de se mexer nas cadeiras ou de acenar para pessoas importantes que se dividiam naquele imenso salão. Ele não! Ouvia atento a tudo aquilo que lhe era dito. Gostava do fato de existir um outro pai que ouvisse todos os seus problemas, afinal, ele não tinha a atenção necessária do seu pai "terreno" quando se referia a esse tipo de questão. René, à medida que foi crescendo mais foi se envolvendo com atividades ligadas a essa igreja. Era incrível como ele se envolvia fácil com assuntos teológicos ou de cunho cristão. Seus pais nunca o proibiram, afinal, tinham que manter a boa imagem de “frequentadores dos domingos”, mas tampouco se regozijavam. Preferiam, em verdade, ver o filho deles levando uma vida de jovem normal, como todos os outros. Mas ele não era como todos os outros. René tinha algo especial. Seu jeito de tratar assuntos da alma tocava a todos. Segundo alguns amigos mais próximos, a loucura de René era malvista por muitos, mas admirada por tantos outros também. O pastor desta igreja, comumente convidava-o para almoços em sua casa e reuniões extraordinárias. Quando interrogado da motivação, alegava que o rapaz trazia uma paz estranha em seu olhar. Estranha e mágica! Eu bem sei o que é isso. Eu costumava ficar horas fitando o olhar de René, enquanto ele se dispunha a falar sobre coisas do cotidiano. Era verdadeiramente um olhar diferente, um golpe lúcido e sereno de bondade. Uma bondade até amedrontadora, assim diria.

Exortação à loucura- Parte III

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Em muitas histórias o narrador se distancia, se imparcializa dos fatos para narrar melhor a história. Acreditem, se eu não tivesse acompanhado de perto sua trajetória, não saberia contar estes fatos, não saberia coisas que nem seus pais adivinhariam. Quer saber quem eu sou? Preferencialmente eu me escondo. Mas chegaremos lá.
    “Onde foi que eu errei??!”- Bradava esse questionamento  o pai de René ao ser sempre reconfortado pelos familiares quando lhes dava a notícia. Não era mesmo algo comum para uma família abastada de Marina Azul, ter tal acontecimento, como assunto-chave nas reuniões familiares. Todos tratavam o jovem como se ele tivesse um câncer, ou qualquer outro mau terminal. Enquanto seus parentes o viam com tom de misericórdia, eu o via com tom de desafio. Gostava dele. Conheci René numa bela tarde de segunda. Nunca imaginei que uma segunda-feira poderia ser tão brilhante em minha vida, tão especial. Todas as vezes que nos víamos desde então, era uma grande alegria. Ele tinha algo muito especial que não me permitia ficar longe de sua presença por muito mais que alguns poucos dias. Era verdadeiramente um louco desigual. Seu jeito de levar a vida, seus pensamentos compartilhados me faziam imaginar que ele vivia em mundo paralelo. Gostaria de tentar entender. Gostaria que você tentasse entender.
    Certo dia ele me contava sobre a loucura e me falou que muito estudava sobre isso desde que os outros insistiam em diagnosticá-lo desta maneira. Disse-me que precisava entender, mas que gostava. Gostava de sua loucura. “A loucura está nos olhos de quem vê. Ela é totalmente relativa. Todo pensamento compartilhado é oriundo de uma rede de concepções psicossociais. Um pensamento nunca é único, um mundo nunca é paralelo, eles se cruzam a todo instante. A loucura nunca é única em si, ela está em mim e ela está em você.” Esse foi o ponto onde começamos a conversar. O início de uma série de conversas incríveis e esclarecedoras.

Exortação à loucura. Parte II

sábado, 21 de janeiro de 2012


Não passavam das cinco da manhã e o nosso jovem rapaz já estava de pé. Havia criado uma estranha mania de acordar mais cedo do que todos para vagar pela casa. Segundo sua irmã, que um dia ao levantar para ir à cozinha tomar um copo d´água o vira andando e conversando sozinho próximo ao banheiro, já percebia indícios de que seu irmão estaria louco. Seu comportamento já era uma questão de processo, existia já há um tempo, mas suas convicções ainda mais se afirmaram, e ele insistia em, no horário do almoço, fazer todo um ritual de silêncio antes de colocar sequer um grão de feijão na boca. René, assim ele se chamava. Apelidado quando criança de “Neneca”, mantinha ainda sua leve inocência de garoto quando insistia em se jogar pela casa com os cachorros, misturando-se sem dissociação de raça ou espécie. Dotado de uma inteligência fora do normal, sempre fora aluno exemplar no colégio e sempre fora uma pedra preciosa para todos os que se consideravam seus amigos. Mas era louco! E como todo louco vivia de certa forma desacreditado pelos outros. Mas não era à toa que dele duvidavam, ele dizia que “via anjos”. Certo dia se trancara no seu quarto e começara a conversar com eles. Segundo sua mãe, ele não parava de conversar. Contava da sua vida, das suas experiências, do seu dia. Desde pequeno que mantinha pouca conversa sobre seu cotidiano com seus pais. Não por falta de vontade, mas por mera negligência paterna. Isto o travara. De feita em feita sua mãe encostava no chão da porta para ouvir seu menino conversando, se abrindo, se soltando e não controlava o choro. Ele quase não falava mais em casa. Ela ainda relatou que René ainda jovem, mantinha claros indícios de insanidade. Ele conversava coisas que ninguém entendia. Ao perguntado por ela, dizia: “ São eles que estão me ensinando. Eu gosto."

Oração ao tempo. ( Ao Deus do tempo




 Abstenho-me de considerações .Chega!
Se te tenho assim tão incerto, como poderia tentar te desenhar.
Não que sejas obra do infortúnio, mas já me canso de tentar te planejar. Permita-me que eu me encoste no teu peito, e que os teus anseios eu aprenda a desejar, não quero mais encher-me dos mesmos velhos receios, queria apenas a sorte de saber te esperar. Não me julgues então se serenamente eu te venere, nem se estranhamente eu me apavore, só quero saber ser seu em tempo.

O Brilho do Equilíbrio

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Te defino: equilíbrio
Sabes ser boa, má,
sabes ser sim e sabes ser não,
Saber ser orgulho,humildade, razão,

Oscilas em ter medo e eu te digo: aqui estou
Desde a magia de um segundo até o mais eterno amor,
Amparado no tempo, parado no fato, à espera de um beijo
Para lançarmo-nos num só compasso de entrega e emoção

Se sabes equilibrar profundidade e desejo,
Toma-me por inteiro e me ensinas a ser são,
Pois já então eu me exalto, saio do sério, enlouqueço,
Ao olhar esses teus olhos que me inundam em paixão.

Perdoa-me se já então nas palavras me perco,
Se me alongo demais ou digo algo em vão,
Tentarei em resumo dizer tudo o que sinto,
Pra que floresça na luz, o que imergia na escuridão:

Eu quero ser teu,
No equilíbrio do nós,
No nosso mundo a sós,
Eu quero ser teu, e só.

Exortação à loucura- Prólogo. Parte I

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012



Louco! Era exatamente isso que ele era. Com a perfeita noção de tempo e espaço, ele vagava imerso em pensamentos marcados por fortes traços de insanidade. Seu psicólogo o havia diagnosticado: “Você tem um pequeno distúrbio emocional e psicológico, precisamos tratar”. Era algo verdadeiramente estranho, o fato de um jovem de alta classe, boa família, ótima aparência se entregar a devaneios tais que o levassem diretamente para a sala de um profissional de tratar mentes. Isso! Foi a expressão que fora usada. “Você precisa ser tratado”. Isso era o que ficava indo e voltando na cabeça daquele novo rapaz. Engraçado era que ele parecia já esperar esta afirmação e não levava a notícia como tão devastadora, muito menos de difícil aceitação. Ele sabia que era louco, e ele ria com isso. Quando perguntado por seus pais o porquê da felicidade em receber tal notícia, que para eles, os pais, parecia tão impactante, o jovem respondeu: “ Não há graça em viver num mundo louco, se eu não aprender a ser mais louco que ele”. Esse é o lema do nosso garoto. Esse é o seu conto que irei compartilhar com vocês nestes próximos encontros.

Na busca dos novos nós

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Quero amarrar-me a ti, de um jeito só que ninguém tire,
Que ninguém me prive da tua face, que ninguém desate o nosso nó,
Quero enlaçar-me nos teus abraços e em teus braços fazer-me livre,
numa liberdade estranha que só nos prenda ao nosso amor

Quero bem simples adentrar teu mundo,
Num vai e vem que eu saiba de cor,
Todo o caminho que leva a teu sorriso,
Aquela trilha que nos fará um só.